Lívia   abril 02, 2018   309 views

Podemos encontrar Alfonso Herrera na capa da revista Open México do mês de abril com uma entrevista exclusiva que a revista fez com ele, para divulgar seu mais recente projeto, sua volta aos palcos do teatro com a peça A sociedade dos Poetas Mortos. Vocês podem ler a entrevista completa abaixo, assim como ver a sessão fotográfica.

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Ator a prova de tudo

Na véspera de sua despedida do seu personagem em Sense8, o ator também deixa de lado sua batida de exorcista para entrar na pele de John Keating, um professor de literatura que sacode a vida dos alunos na obra A Sociedade dos Poetas Mortos…

Para muitos seria difícil conciliar a ideia de uma ex-estrela pop e protagonista de uma série em uma importante cadeia estado-unidense com a pontualidade e disposição que “Poncho”  teve nessa sessão fotográfica. Durante a conversa, comprovamos que não é apenas um profissional, mas também um artista que não nega seu passado e que continua se emocionando com os projetos em que se envolve.

Você começou no teatro há 17 anos e volta agora com a peça A Sociedade dos Poetas Mortos. Porque essa obra?
Eu tinha muita vontade de trabalhar com Francisco Franco. É um diretor muito completo que fez projetos televisivos de grande qualidade, entendendo perfeitamente o formato e os tempos. Sua obra prima – Queimar as naves – ganhou dois prêmios Ariel e eu gostei muito das peças teatrais que ele fez. A adaptação que fez de “Tudo sobre minha mãe” para o teatro foi incrível.
Por outro lado, voltar a trabalhar com Claudio Carrera e Tina Galindo me encanta. São pessoas muito sérias, que entendem perfeitamente a arte e esta é uma obra que nos ajuda a recordar o que é que realmente nos motiva, nos move e nos inspira. A peça fala de poesia e eu tive que entrar um pouco mais nos românticos – Walt Whitman e Percy Bysshe Shelley — e conhecer mais do seu trabalho, porque John Keating — o personagem principal – se apoia nesses poetas para inspirar os seus estudantes. Acho que a conjuntura que vamos passar esse ano é bastante peculiar e uma história dessa natureza pode ajudar a nos recordar o que nos move e perguntar-nos: o que sacrificamos para realizar o que gostamos?

Do valentão de Amar te Duele ao padre Tomás de O Exorcista, com quais momentos você fica da sua trajetória? 
Eu acho que com todos. Desde o primeiro filme até Rebelde, que me deu a possibilidade de viajar por toda América Latina e ter uma grande exposição. Isso é algo que eu agradeço muito. Seu passado faz parte do que você é e enquanto continua caminhando, vai projetando até onde você quer ir.  Por exemplo, La Dictadura Perfecta foi algo muito importante na minha carreira e agradeço profundamente a Luis Estrada porque era algo muito arriscado pela conjuntura que estávamos vivendo naquele momento, e acho que havia um fundo muito potente e assumi essa responsabilidade, com uma mensagem que eu tinha que transmitir.

Sua primeira intenção foi ser piloto e desse sonho nós saltamos ao projeto falido de Urban Cowboy. Como foi essa experiência?
Foi uma experiência interessante, porque depois de fazer Sense8, começaram a se abrir portas. O mercado Norte-americano é difícil, mesmo que você tenha feito coisas importantes no seu país, realmente esse mercado não importa tanto para eles. Recebi um convite da Fox para me reunir com a equipe de elenco e produtores da cadeia, onde me ofereceram Urban Cowboy e me pareceu interessante pela oportunidade de trabalhar com Jim Belushi. Eu o vi atuar em um monólogo com cinco câmeras que no final das contas nunca apareceu, mas foi incrível. Também me entusiasmava trabalhar com Craig Brewer (Hustle & Flow), mas foi algo que ficou por aí e eu me senti satisfeito ao ver o resultado. Depois – por decisões alheias a mim – não se concretizou, mas gerou uma boa relação com a Fox e me convidaram para trabalhar em O Exorcista. A mesma equipe de elenco me levou ao showrunner Rolin Jones (Weeds, Amy Given Sunday), com Jeremy Slater e Rupert Wyatt (Rise of the Planet of the Apes). O fato de trabalhar e compartilhar cenas com Ben Daniels e Geena Davis foi genial.

Não te deu medo fazer um clássico como O Exorcista?
Eu comentei com Rolin e ele disse: “Se fizermos o segundo melhor exorcista, já teremos ganhado”, porque alcançar o filme é realmente complicado. É o santo gral do cinema de terror e um dos grandes filmes da história. Quando me apresentaram o piloto, eu disse aos meus agentes e manager: “Isso é uma péssima ideia”. Como você pode se introduzir num projeto inspirado em O Exorcista? É muito perigoso. Mas comecei a ler e a entender os personagens e a ver essa conexão com o filme e a hipótese de o que ocorreu 30 anos depois, seguindo o caminho de um jovem sacerdote passando por uma crise de fé e essa dupla que ele faz com outro sacerdote mais experiente. Fiz o piloto sabendo que tinha que passar por muitos filtros e depois de passar, dissemos: Isso é genial! Recebemos críticas muito boas e o mesmo estúdio nos motivou a continuar.

Demorou a emplacar?
Sim. Demorou para ficar conhecida porque era em um horário complicado (sexta-feira pela noite), mas foi avançando apesar disso e já temos uma segunda temporada.

Haverá uma terceira?
Não sabemos. Estamos dependendo da fusão Fox/Disney. Não sabemos se vai chegar gente nova que valorize os conteúdos. Quem sabe se o Mickey Mouse vai gostar do Exorcista.

Foi difícil pra você trabalhar em inglês?
No começo o estúdio estava um pouco preocupado pelo meu sotaque. Eu falava que se queriam um padre mexicano, para que iriam modificar meu sotaque (porque queriam algo mais americano). Tanto os produtores como o diretor decidiram que teria um sotaque mais mexicano e que isso seria um trunfo para a história, trazendo um contexto bastante sólido e real.

Como foi trabalhar com as irmãs Wachowski?
Incrível. Estou muito agradecido com Lana, Lilly e James (McTeigue) porque tiveram muita paciência. Especialmente nessa segunda temporada, Lana foi muito generosa porque eu estava filmando a segunda temporada de O Exorcista enquanto eles faziam o especial de duas horas de encerramento de Sense8. Ver como Lana e Lilly Wachowski trabalham e trabalhar com John Troll – um dos fotógrafos mais importantes do mundo, foi espetacular.

Como você vê essas novas plataformas e a oportunidade que dão de produzir material sem as restrições da televisão aberta? 
Acho que é uma boa oportunidade para democratizar os meios: é possível ver os conteúdos no momento e nas plataformas que você quiser. Não precisa estar sentado em um momento específico, nem esperando que alguém mais siga quando e com quantos anúncios você tem que ver.  Seus olhos tem certa liberdade, por assim dizer, e isso é algo que eu aplaudo bastante porque todo mundo quer entrar nessa onda.

Antes de surgir #MeToo, que sacudiu a indústria do entretenimento, você estava envolvido em causas de reivindicação feminista, como #HeForShe. Em que momento isso se tornou importante pra você?
O feminismo é uma luta de direitos humanos e acredito que todos somos iguais. Todos merecemos ter os mesmos direitos e não devem haver diferenças. Se eu tenho a oportunidade de ter um microfone para dizer algo sobre isso e apoiar estas e outras causas, então o farei.

E para o futuro? Existem planos para outra temporada de La ciencia de lo absurdo ou para fazer cinema?
Acredito que sim. Se for feita, será a sexta temporada da série, e se isso acontecer vamos compartilhar no momento certo. Além da peça de teatro, estou planejando fazer uma série no México e, terminando, um projeto cinematográfico.

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